[Resenha] Romance em San Marino (Livro I) - Lídia Rayanne

Descontrolados,

        Vamos de um romance de época para lá de acolhedor com o intuito de aquecer nossos corações nesse final de semana que promete ser chuvoso (pelo menos onde moro)?! E o melhor de tudo: da nossa linda literatura nacional! Estou falando de Romance em San Marino da autora parceira Lídia Rayanne!

SOBRE A OBRA: 

Título: Romance em San Marino - Livro I

Autor(a): Lídia Rayanne

Gênero: Romance Histórico/Literatura Nacional

Páginas: 511

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Sinopse: Ela havia nascido para ensinar. Ele, para governar. Só precisavam que o destino os unisse…

Em meio às guerras napoleônicas, a pequena república de San Marino ainda permanece livre com as graças do Imperador Bonaparte. Mas a paz que reina no Monte Titano não se aplica a Ângela Olivério. Pressionada por seus pais para aceitar um casamento arranjado, a jovem de 19 anos se pergunta quem em pleno século XIX aceitaria se casar com uma professora cheia de sonhos idealistas. As inquietações também não abandonam Marco Casali. Comprometido com a bela Alessa Vicini e filho de um dos governantes mais importantes de sua geração, o galante rapaz se sentia preparado para substituir o lugar do pai no Conselho de San Marino. Isso até o dia em que foi envergonhado diante de seus mais importantes líderes. Como ele poderia se tornar o capitão-regente de um país cuja história e povo mal conhece? Depois de um inesperado encontro, Marco descobre em Ângela a mentora improvável de que precisa. Sob a promessa de que ele lhe conseguirá uma audiência com os próprios capitães-regentes, Ângela aceita a missão de instruí-lo nos preceitos da República sem saber que, terrível e irreversivelmente, seu coração seria arrebatado logo por ele — um rapaz destinado à outra garota. Mas o que ambos não imaginam é que, à medida que lutam contra o sentimento crescente entre eles, a chegada de dois estrangeiros ameaça a liberdade de San Marino.

         Começamos com a adrenalina já lá em cima com algumas cenas de acontecimentos futuros da trama: uma alucinante fuga. O momento histórico são as guerras napoleônicas e o local onde tudo acontecerá é San Marino, uma republica que consegue se ver livre dos conflitos (por enquanto) e também distante da corrupção através de seu modo de governo.

"Ao conhecer a república mais antiga da Europa, foi impossível não ficar encantado por ela. Que sociedade possuía dois capitães-regentes que só ficam no poder durante seis meses? Sem contar a força do Conselho. E Bonaparte permitiu que a república permanecesse independente."

         Após esse momento nos é apresentado Marco Casali, um rapaz vaidoso e de condições que pretende seguir os mesmos passos do pai na política e fazer com que San Marino torne-se um local ainda melhor através de suas práticas, mas crê que não conseguirá fazer isso sozinho visto que seu conhecimento é um tanto quanto vago sobre a história de San Marino de modo que pretende procurar ajuda para tal.

"Preciso de um mentor. Alguém desconhecido, com quem eu não tenha nenhum vínculo emocional. Mas por mais que se esforçasse, Marco não conseguia pensar em ninguém com essas qualidades."

        Por outro lado, passamos a conhecer Ângela Olivério de 19 anos e sua família composta por Renato, Laura e Augusto; pai, mãe e irmão mais novo, respectivamente. Ângela é uma idealista, bem à frente de sua época e com uma personalidade bem característica, é professora de várias crianças das mais diversas idades. Não deixa de defender o que acredita ser o correto e acaba por se prejudicar um pouco com isso já que não é bem vista pela grande maioria do povo de San Marino. Vive se metendo em confusões por seus ideais.

" 'Por que você fez isso?' O irmão perguntou, aborrecido. 'Porque você tinha que se meter em discussões de novo?' "

        Em meio a uma confusão formada, Marco acabou tendo um vislumbre do conhecimento e inteligência de Ângela, o que o fez pensar que havia encontrado a solução para seu tormento: uma mentora! Ele faz o pedido para Renato de que sua filha o ensinasse sobre história e política e a partir de então eles começaram a encontrar-se todos os sábados onde Ângela dava aulas para as crianças. Mas nem tudo são flores e logo de início houveram alguns atritos entre mentora e aluno.

"Pouco me importa se ele é um Casali. Nenhum ser humano deveria abrir a boca para falar todas aquelas bobagens! Argh! Onde já se viu isso? O filho de um governante dizer que San Marino não passa de um ponto no mapa do Império Francês!"

        Marco e Ângela passam então a compartilhar conhecimentos diversos também durante seus encontros aos sábados, indo desde esgrima até mesmo aulas de dança. Tornam-se cada vez mais próximos e essa proximidade começa a causar vários questionamentos em ambos. Vários outros personagens nos vão sendo apresentados e eles desencadeiam uma série de acontecimentos secundários muito misteriosos que com certeza deixará você, meu caro leitor, com a curiosidade à flor da pele!

“Eu não me importo mais se ela é meu nebuloso ponto de interrogação. Eu só não consigo mais conviver com a ideia de que ela seja meu grande ‘e se’.”

         Fazia um bom tempo que não fazia a leitura de um romance de época e Romance em San Marino veio para me relembrar o quanto gosto do gênero. Simplesmente fiquei encantada com todo o desenvolvimento que a obra teve. Cada linha escrita por Lídia tem um propósito, mesmo que não entendamos prontamente qual seja. No desenrolar das páginas fica aquele mistério gostoso frente aos acontecimentos e o que virá a seguir que nos faz ler essas 511 páginas rapidamente, sem nem notarmos.
        Ângela com certeza virou minha queridinha para a vida. Destemida mesmo em momentos extremamente complicados, simplesmente não abaixa a cabeça e defende seus ideais com unhas e dentes. Ainda assim consegue ser doce e nos envolver com sua simplicidade e sinceridade. Marco de início me irritou um pouco por aparentar ser bem fútil, mas então somos apresentados a outro lado dele e então também nos apaixonamos. Personagens muito bem desenvolvidos assim como os outros que são inseridos.
         A autora explana muito bem o momento que passa a ser tenso na história de San Marino e os dilemas políticos que passará, além de relacioná-los com os problemas de cada personagem. Há também, no meu ponto de vista, algumas sutis críticas que pude perceber em relação às diferenças sociais, a falta de acesso à escola, além também da falta da segurança e descaso dos governantes para com seu povo. Isso para mim torna a trama mais verossímil, nos aproximando das personagens.
        Gostei muito da oportunidade de conhecer essa obra maravilhosa e indico para todos aqueles que adoram mistério, romance, intriga e um leve toque de comédia para amenizar a tensão, tudo na medida certa o que torna a leitura cativante e envolvente. É difícil falar mais sobre ela e não dar spoiler, pois são vários acontecimentos determinantes ao futuro tanto de San Marino quanto dos protagonistas, mas espero ter passado de modo satisfatório o quanto essa obra é encantadora e surpreendente.
        E se vocês, assim como eu, ficam doidas (os) para ler a continuação dos livros, fiquem tranquilos que segundo livro já já será lançado. Se não me engano a previsão é para Novembro. Ainda bem, pois que desfecho foi esse hein dona Lídia?!? (risos)
        Então me respondam aí: quem aqui adora romance de época? Já leram Romance em San Marino? Ficaram curiosos para lê-lo?

Bjux e até a próxima Descontrolados!