[Resenha] O Penúltimo Capítulo - Clarice Pessato

Descontrolados,

          Hoje trago para vocês uma resenha que simplesmente não sabia como começar. Isso porque a obra me tocou muito e quando isso acontece é difícil escolher o ponto inicial para expor a opinião. O livro O Penúltimo Capítulo foi cedido gentilmente pela autora parceira Clarice Pessato e é uma biografia dela.

Título: O penúltimo capítulo

Autora: Clarice Pessato
Gênero: Biografia
Editora: Imprensa Livre

Páginas: 208

Sinopse: Ao referir-se a capítulos, a autora faz uma alegoria como se a vida fosse um livro esperando um último capítulo com final feliz, Clarice, uma jovem de 18 anos, ativa e cheia de sonhos, vê sua vida se transformar quando foi vítima de um acidente automobilístico que a deixou tetraplégica.

Ela conta a história da luta contra a tetraplegia e a discriminação e que, pela fé, venceu o sofrimento e a falta de respostas, recebendo a capacidade para superá-los. Também mostra como Deus pode usar até mesmo as experiências mais dolorosas de nossa vida a fim de levar-nos para mais perto d’Ele e executar seus propósitos em nós e através de nós.

          O livro inicia contando um pouco da vida de Clarice quando ela tinha 18 anos e acabou se envolvendo em um acidente automobilístico onde 29 pessoas ficaram feridas. Uma delas era Clarice que teve que lutar pela vida porque ficou em coma em estado grave.
          Após a família dela saber que havia ocorrido uma lesão na medula espinhal ocasionando a tetraplegia (ou quadriplegia é quando uma paralisia afeta todas as quatro extremidades, superiores e inferiores, juntamente à musculatura do tronco. À impossibilidade de mover os membros associam-se, em grau variável, distúrbios da mecânica respiratória, podendo causar demência leve) começa uma busca pela melhora de Clarice tentando diversas formas possíveis de tratamento e nunca desanimar da cura. Clarice faz fisioterapia e algumas cirurgias necessárias, mas nada surte muito efeito para a almejada melhora definitiva.
          O livro nos traz uma visão de tudo que acontece antes, durante e após ao acidente não necessariamente nessa ordem porque haviam algumas memórias misturadas em cada fase; mostrando todas as provações que a família passa para tentar se reestruturar com a nova condição que a vida lhes impôs.

" Em nossa rotina, poucos param para olhar ao redor e avaliar com atenção os próprios passos. Não temos tempo para apreciar as pequenas coisas e sentir empatia para com as pessoas que estão bem perto de nós. Mas, ao sermos sacudidos pelas perdas e frustrações, somos obrigados a parar."

          É incrível notar que desde o primeiro instante Clarice não desanimou muito menos perdeu as esperanças e continuou lutando, tendo orgulho de quem é e de quem se tornou. Em certo ponto da obra, podemos ver a aproximação de Clarice com Deus e como isso auxiliou para que ela se tornasse quem é, como a fé a instruiu nesse caminho que não lhe faltou pedras e acalentou seu coração nos momentos difíceis e de dúvidas.

"O que me consola na minha angústia é isto: que a tua palavra me vivifica." (Sl 119.50)

          Disse que o livro me tocou muito pelo fato de ter uma tia que era paraplégica e, desde o primeiro trimestre, não vive mais entre nós. Claro que eu tinha uma visão que a vida dela não era nada fácil após ter se acidentado na escada de casa e ficando em uma cadeira de rodas, mas é fato que jamais havia pensado com tamanha profundidade no assunto.
          Confesso que quando era criança, meus pais me levavam bastante para visitá-la, mas conforme fui ficando mais velha isso mudou. Já não íamos com tanta frequência e quando estávamos com ela, muitas vezes não sabíamos como nos portar, ficávamos sem graça e talvez até incomodados. Isso é um dos pontos altos que achei acerca da obra de Clarice, pelo fato da abordagem em relação às crianças com o que é diferente.

- Luíza querida, eu não posso sentar sozinha. Eu preciso de ajuda - disse. E com algumas palavras tentei explicar porque não conseguia sentar.

- Eu não sabia - disse Luíza.

Ela estava me dizendo que não tinha notado que eu tinha alguma deficiência ou dificuldade. Para ela eu era normal."

          Foi uma leitura muito densa para mim e não conseguia ler muito sem me sentir emocionada ou até mesmo culpada pela forma que agíamos com minha tia. De cara não havia entendido muito bem o sentido da capa e qual sua ligação com a trama, mas a partir de determinado momento, parei e olhei-a novamente e vi que fazia todo o sentido e combinava perfeitamente com a obra. 

"Nós somos pecadores e precisamos nos transformar, como uma lagarta. Quando aceitamos Jesus, um casulo é construído para ocorrer a metamorfose, a mudança de vida, então saímos do casulo como borboletas."

          Espero que muitos ainda possam ter o prazer de fazer essa leitura, pois como a própria Clarice nos diz, ela tem o intuito de espalhar a semente e ser uma benção.

Bjux e até a próxima Descontrolados.